Não reconhecer o processo eleitoral e no futuro não reconhecer o Governo é fazer muito mal ao povo hondurenho, que não merece isso", disse na cimeira de chefes de estado e de governo iberto-americanos, que decorre até terça-feira no Estoril..Numa conferência de imprensa, Árias considerou que já no passado o mundo reconheceu eleições convocadas por ditaduras.."Na América Latina as eleições não são perfeitas. Sempre tivemos ditaduras e sempre foram essas ditaduras que organizaram as eleições como transição para a democracia", afirmou.."Estou a pensar no povo das Honduras e isso é o que mais me anima e incentiva ao advogar pelo reconhecimento das eleições. O povo das Honduras não merece um novo furacão Mitch", disse ainda, referindo-se ao desastre natural que em Novembro de 1998 devatou a região e provocou 20 mil mortos em vários países. .Árias referiu-se mesmo a processos eleitorais no Afeganistão e no Irão, que não foram considerados livres apesar dos governos que deles saíram serem reconhecidos.."O pior seria actuar com moral dupla", afirmou, recusando questões dos jornalistas sobre se se referia directamente ao presidente brasileiro Lula, que tem relações com o Irão mas já afirmou que não reconhece as eleições.."Não quero criar polémica com ninguém", disse, admitindo que o assunto vai dominar a reunião que os chefes de estado e de governo mantém hoje, a sós, no âmbito da cimeira..Árias sublinhou que a própria participação eleitoral, "mais elevada do que muito esperavam" e "invertendo a tendência de aumento progressivo da abstenção", demonstra que "o povo quer deixar para trás o negro período deste golpe de estado".."Cinco meses, depois a pobreza aumentou e a população continua a sofrer. As crianças não vão à escola há cinco meses e a pobreza cresceu significativamente", afirmou..Por isso, e se não houver queixas de irregularidades e todos os observadores confirmarem a transparência do processo eleitoral, este tem que ser reconhecido, para evitar um vazio na governação e um isolamento internacional.."Que vai acontecer depois de 27 de Janeiro (data prevista para a posse do novo chefe de estado) se o Governo que sair daqui e tomar posse não for reconhecido? Isolar as Honduras significa isolar mais o povo que já sofreu tanto", disse ainda..Árias recordou que ele próprio se empenhou "pessoalmente" e que toda a comunidade internacional trabalhou "intensamente" para "procurar reverte o golpe de Estado e repor a normalidade constitucional".."Infelizmente isso não foi possível", afirmou, considerando que agora há que evitar "isolar" o povo do que é já "o segundo país mais pobre da região, dependente - em 20 por cento do seu orçamento - de ajuda internacional..ASP.